26 agosto 2016

Formatura 2009

      Boa noite,

Durante estes quatro anos, ouvimos muitas vezes a mesma pergunta: “O que FAZ um gestor ambiental?” e diante deste questionamento temos as mais diversas respostas, sempre com a dúvida se estávamos dizendo a coisa certa. Isto porquê talvez não exista uma única resposta diante da complexidade do tema ambiental; talvez porquê a pergunta mais importante não tenha sido feita... por isso resolvemos perguntar aos nossos amigos “o que SENTE um gestor ambiental?”. Saber como nos sentimos aponta não só para o que faremos, mas indica a forma como vamos agir e nos posicionar diante das atribuições e responsabilidades profissionais.

Pra começar, sentimos que ninguém sabe direito o que é gestão ambiental. Os espaços estão abertos, a demanda pela estruturação da profissão é grande e neste sentido, o gestor ambiental formado hoje deve contribuir na construção do caminho em que vai andar. Isso é bom, mas também dá medo.

Escolhemos viver as surpresas que nos aguardavam na EACH, até então só USP LESTE. E a primeira delas foi descobrir que a EACH não era apenas dois prédios, mas outros 1.040 alunos. E cada um deles são o que de fato, faz aquele lugar gigante. O sentido da EACH para o para o mundo só foi possível depois que essas pessoas coloriram aquele ciclo básico. Fomos bixos que já nasceram veteranos, nos jogamos no barro, criamos vínculos com todos os cursos, esquecemos as diferenças, deixamos de lado, a imagem perfeita que as pessoas têm de universidade, e alguns decidiram fazer da EACH um lugar melhor.

Mas, já quatro anos? Como passou rápido, muita coisa deixamos para a próxima semana, para o próximo ano e acabou...sem ao menos dar tempo de adiar de novo. Esperávamos muito... e o tempo, as provas, as cobranças muitas vezes não deixaram que realizássemos metade o que queríamos. Mas, que a gente nunca deixe de acreditar que ainda há tempo.

Um dia vai ser difícil lembrar, o quanto a EACH era pequena, o quanto era ruim ficar sem professor, o quanto foi difícil o primeiro estágio, o quanto foi difícil passar pelas intermináveis mudanças na grade. Mas, vai ser fácil lembra do rosto de vocês, vai ser simples contar o quanto foi bonito fazer parte dessa história.  Vou contar com orgulho que fui DA PRIMEIRA TURMA DE GA DA USP...e que AJUDEI A CONSTRUIR ESTA CARREIRA tão linda e importante para a nossa geração e para as futuras. 

Nos sentimos inseguros toda vez que encontramos uma boa oportunidade de trabalho (aquela feita para o gestor ambiental) e a vaga exige outra formação profissional. Temos medo de que o discurso ambiental seja maior do que as práticas efetivas, e medo de sermos envolvidos pelo modismo.

Sentimos que a insustentabilidade, de que tanto se fala, não está apenas nas relações do homem com a natureza, mas também na relação entre os seres humanos, que dá mesma forma podem ser traduzidas em exploração, degradação e desrespeito.

            Antes de tudo, um gestor sente além dos seus próprios desejos. Trabalha, estuda e escolhe além dos seus próprios interesses. Pois é apaixonado pelo que faz, caso contrário seria muito mais fácil, prático e confortável fazer qualquer outra coisa. Um gestor ambiental espera, com a mais pura esperança, nas pessoas e em um mundo melhor.

            A graduação em gestão ambiental realmente foi assustadora, acabou com nossos sonhos de mudar o mundo, da maneira como acreditávamos ser possível. Saímos sem a ilusão romântica de uma revolução que venha, e em um passo de mágica nos faça ter voz. Não esperamos ser salvadores do mundo, não queremos mais apenas tecnologias que mudem as formas de produção, nos convencemos que não podemos fazer o mundo parar. Mas, deixamos a EACH com a certeza de que esta mudança só é possível através das pessoas, por meio de transformações que façam cada pessoa entender que cada um, cada pessoa neste auditório, faz parte do problema e da solução.

            E independente de qualquer reconhecimento que possamos ter no futuro, aprendemos muito e, tenho muito claro, ensinamos também, pois infelizmente poucos ainda são gestores do ambiente. Não somos especialistas, mas não podemos ser tão generalistas. Mas quem disse que é assim? Quem disse que precisamos ter a profissão reconhecida, cargos de alta direção, moldes fechados? Quem disse?

Então voltamos a questão: O que faz um gestor ambiental?
Agora que vocês conhecem um pouco mais dos nossos sonhos e aflições, respondemos esta pergunta com uma nova: “o que vocês fariam no nosso lugar?” afinal de contas, a responsabilidade é de todos nós!

Por isso gostaríamos de agradecer aqueles que foram desde o início nossos exemplos. Mais do que passar o conteúdo acadêmico necessário ao currículo, nossos professores mostraram que é possível ter caráter nos dias de hoje, completando nossa formação com aspectos éticos e morais. Obrigado aqueles que aceitaram o desafio de dar disciplinas novas e neste sentido se aproximaram muito dos alunos, num processo de aprendizagem continua. Sabemos das dificuldades e desafios, afinal estamos todos no mesmo barco, a única diferença é se você o chama de prédio 1 ou de Titanic.

As dúvidas não acabaram, mas temos muitas perguntas a fazer sobre este mundo onde a destruição e as desigualdades são parte da paisagem. Pensar em cada sonho, projeto e possibilidade que temos pela frente, fazem das dúvidas aliadas! Porquê afinal questionar é imprescindível ao Gestor. Enfim, Gestor Ambiental... Um pouco confuso, um pouco certo, é Gestor do Ambiente, mas antes disso precisar aprender a lidar com sonhos, o seus e dos outros. O sonho de um mundo melhor.

Gostaríamos de encerrar com os sentimentos do poetinha...

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
[...]
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil


Obrigado!


(alguns amigos da faculdade)

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