Boa noite,
Durante estes quatro anos, ouvimos
muitas vezes a mesma pergunta: “O que FAZ um gestor ambiental?” e diante
deste questionamento temos as mais diversas respostas, sempre com a dúvida se
estávamos dizendo a coisa certa. Isto porquê talvez não exista uma única
resposta diante da complexidade do tema ambiental; talvez porquê a pergunta mais
importante não tenha sido feita... por isso resolvemos perguntar aos nossos
amigos “o que SENTE um gestor ambiental?”. Saber como nos sentimos
aponta não só para o que faremos, mas indica a forma como vamos agir e
nos posicionar diante das atribuições e responsabilidades profissionais.
Pra começar, sentimos que ninguém
sabe direito o que é gestão ambiental. Os espaços estão abertos, a demanda
pela estruturação da profissão é grande e neste sentido, o gestor ambiental
formado hoje deve contribuir na construção do caminho em que vai andar. Isso é
bom, mas também dá medo.
Escolhemos viver as surpresas que nos
aguardavam na EACH, até então só USP LESTE. E a primeira delas foi descobrir
que a EACH não era apenas dois prédios, mas outros 1.040 alunos. E cada um
deles são o que de fato, faz aquele lugar gigante. O sentido da EACH para o
para o mundo só foi possível depois que essas pessoas coloriram aquele ciclo básico.
Fomos bixos que já nasceram veteranos, nos jogamos no barro, criamos vínculos
com todos os cursos, esquecemos as diferenças, deixamos de lado, a imagem
perfeita que as pessoas têm de universidade, e alguns decidiram fazer da EACH
um lugar melhor.
Mas, já quatro anos? Como passou
rápido, muita coisa deixamos para a próxima semana, para o próximo ano e
acabou...sem ao menos dar tempo de adiar de novo. Esperávamos muito... e o
tempo, as provas, as cobranças muitas vezes não deixaram que realizássemos metade
o que queríamos. Mas, que a gente nunca deixe de acreditar que ainda há tempo.
Um dia vai ser difícil lembrar, o quanto a EACH era pequena, o
quanto era ruim ficar sem professor, o quanto foi difícil o primeiro estágio, o
quanto foi difícil passar pelas intermináveis mudanças na grade. Mas, vai
ser fácil lembra do rosto de vocês, vai ser simples contar o quanto foi
bonito fazer parte dessa história. Vou contar com orgulho que fui DA
PRIMEIRA TURMA DE GA DA USP...e que AJUDEI A CONSTRUIR ESTA CARREIRA tão linda
e importante para a nossa geração e para as futuras.
Nos sentimos inseguros toda vez que
encontramos uma boa oportunidade de trabalho (aquela feita para o gestor
ambiental) e a vaga exige outra formação profissional. Temos medo de que o discurso
ambiental seja maior do que as práticas efetivas, e medo de sermos envolvidos
pelo modismo.
Sentimos que a insustentabilidade,
de que tanto se fala, não está apenas nas relações do homem com a
natureza, mas também na relação entre os seres humanos, que dá mesma
forma podem ser traduzidas em exploração, degradação e desrespeito.
Antes de tudo, um gestor sente além
dos seus próprios desejos. Trabalha, estuda e escolhe além dos seus próprios
interesses. Pois é apaixonado pelo que faz, caso contrário seria muito mais
fácil, prático e confortável fazer qualquer outra coisa. Um gestor ambiental
espera, com a mais pura esperança, nas pessoas e em um mundo melhor.
A graduação em gestão ambiental
realmente foi assustadora, acabou com nossos sonhos de mudar o mundo, da
maneira como acreditávamos ser possível. Saímos sem a ilusão romântica de uma
revolução que venha, e em um passo de mágica nos faça ter voz. Não esperamos
ser salvadores do mundo, não queremos mais apenas tecnologias que mudem as
formas de produção, nos convencemos que não podemos fazer o mundo parar. Mas,
deixamos a EACH com a certeza de que esta mudança só é possível através das
pessoas, por meio de transformações que façam cada pessoa entender que cada um,
cada pessoa neste auditório, faz parte do problema e da solução.
E independente de qualquer
reconhecimento que possamos ter no futuro, aprendemos muito e, tenho muito
claro, ensinamos também, pois infelizmente poucos ainda são gestores do
ambiente. Não somos especialistas, mas não podemos ser tão generalistas. Mas
quem disse que é assim? Quem disse que precisamos ter a profissão reconhecida,
cargos de alta direção, moldes fechados? Quem disse?
Então voltamos a questão: O que faz um
gestor ambiental?
Agora que vocês conhecem um pouco mais
dos nossos sonhos e aflições, respondemos esta pergunta com uma nova: “o que
vocês fariam no nosso lugar?” afinal de contas, a responsabilidade é de
todos nós!
Por isso gostaríamos de agradecer
aqueles que foram desde o início nossos exemplos. Mais do que passar o conteúdo
acadêmico necessário ao currículo, nossos professores mostraram que é possível
ter caráter nos dias de hoje, completando nossa formação com aspectos
éticos e morais. Obrigado aqueles que aceitaram o desafio de dar disciplinas
novas e neste sentido se aproximaram muito dos alunos, num processo de
aprendizagem continua. Sabemos das dificuldades e desafios, afinal estamos
todos no mesmo barco, a única diferença é se você o chama de prédio 1 ou de
Titanic.
As dúvidas não acabaram, mas temos
muitas perguntas a fazer sobre este mundo onde a destruição e as desigualdades
são parte da paisagem. Pensar em cada sonho, projeto e possibilidade que temos
pela frente, fazem das dúvidas aliadas! Porquê afinal questionar é
imprescindível ao Gestor. Enfim, Gestor Ambiental... Um pouco confuso, um pouco
certo, é Gestor do Ambiente, mas antes disso precisar aprender a lidar com
sonhos, o seus e dos outros. O sonho de um mundo melhor.
Gostaríamos de encerrar com os sentimentos
do poetinha...
Resta essa
vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
[...]
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
[...]
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
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