09 março 2018

Pelo ralo

Dois anos de terapia
E me despeço do seu nome
(Mas o que pode a ciência contra a natureza, ou a natureza contra si própria, em dias como hoje?)

A superfície de sua presença
Gruda em meu rosto
Sujeira que esfrego
E sai com a mão
Para voltar minutos depois

Não ouço vozes
Não recordo imagens
Não é você e é você
Aceito esta realidade

Vou para casa
Deixo a água escorrer
Antigo rito de purificação
Esperança de nova vida

O que descerá pelo ralo?

16 abril 2017

O coelho e o leão

Dois dias depois do incidente nas margens do rio, o coelho ainda caminhava triste e desorientado. Sua companheira de estrada já não podia mais acompanhá-lo e, de certa forma, ele se sentia responsável pelo ocorrido. Vez ou outra o coelho tinha a impressão de que a ovelha ainda seguia seus passos, sempre um pouco atrás, mas como isso poderia ocorrer?
Ele não tinha a resposta até aquele dia. Suas avantajadas orelhas confirmaram o ruído de um animal rondando por entre as árvores do bósque, virou-se na expectativa de encontrar a ovelha. Qual foi sua surpresa quando se deparou com um imenso leão. "Pobre da ovelha, sacrificou a sua vida que eu acabasse nas garras desta fera", pensou. Poderia correr em disparada, mas seu corpo se rendeu antes que pudesse dar o primeiro passo. O leão se aproximou e disse: "Eu voltei para cuidar de você".

14 abril 2017

O coelho e a ovelha

O coelho e a ovelha caminhavam em direção ao rio. Com suas orelhas privilegiadas, o coelho ouviu o barulho das águas e acelerou o passo. A ovelha chegou um pouco depois a margem, encontrou o coelho abaixado, tomando seus goles de água cristalina e refrescante. Inesperadamente, a ovelha deu-lhe uma mordida nas orelhas e o jogou de encontro a uma árvore.
Quando acordou do desmaio, o coelho estava revoltado com a atitude da ovelha e foi procurá-la para tirar satisfação. Qual foi sua surpresa ao ver a ovelha caída na beira do rio, espumando pela boca e ao seu lado uma serpente pisoteada.