Quem não assistiu "Gravidade" deve obrigatoriamente ver o filme antes de ler esta resenha. Não apenas porque falaremos do final do filme e contaremos detalhes de algumas cenas, mas porque vale a pena!
A trama é bastante simples, uma missão espacial que dá errado e deixa dois astronautas perdidos no espaço. Quem assistiu sabe que esta simples sinopse é muito bem explorada, deixando o espectador preso a tela por uma hora e meia e sem folego em vários momentos. Mas não foram os bons efeitos especiais que me trouxeram aqui e sim duas cenas belíssimas que falam de renascimento. Imagens que me levaram novamente a mensagem do evangelho de Cristo.
A trama é bastante simples, uma missão espacial que dá errado e deixa dois astronautas perdidos no espaço. Quem assistiu sabe que esta simples sinopse é muito bem explorada, deixando o espectador preso a tela por uma hora e meia e sem folego em vários momentos. Mas não foram os bons efeitos especiais que me trouxeram aqui e sim duas cenas belíssimas que falam de renascimento. Imagens que me levaram novamente a mensagem do evangelho de Cristo.
Então vamos a primeira:
Depois de ter sido guiada pelo experiente Matt (George Clooney) até uma das bases espaciais soltas no espaço, Ryan (Sandra Bullock) vê seu companheiro abandoná-la para que suas chances de sobrevivência fossem maiores. Desesperada, entra já sem oxigênio num dos compartimentos da estação espacial e começa a tirar toda a parafernália que compõe a vestimenta de um astronauta. A medida que vai se livrando das peças e recuperando o folego, Ryan se acalma. Lentamente se entrega a leveza do espaço e flutua, sem gravidade, com a delicadeza de um bebê no útero materno.
Esta cena marca o nascimento de uma nova pessoa. Ryan era uma cientista que vivia amargurada pela perda de sua filha em um acidente, uma vida sem significado e sem esperanças, do laboratório para o carro, nada mais que isso. Porém, ao se deparar com a morte, Ryan reage. Matt havia se sacrificado para salvar sua vida e ela não poderia desprezar isso. Prometeu ao companheiro que iria sobreviver, mas a Ryan do início do filme não teria motivos para isso e nem seria capaz. Era preciso renascer.
Porém, entre esta cena e o final do filme, Ryan se entrega novamente diante das dificuldades. Avalia as circunstâncias a sua volta e vê a morte iminente. Mesmo não vendo significado na vida, sente medo de perdê-la. Temos a clara sensação de que voltar a barriga da mãe não trouxe a resposta necessária para o conflito de Ryan. Uma transformação mais profunda e fundamental para acabar com isso, ainda não havia ocorrido. Nas palavras de Jesus a Nicodemos, não se trata de voltar ao ventre, mas nascer da água.
Assim, vamos a cena final do filme:
Decolar é o mesmo que pousar. Tão contraditório quando a premissa de que para viver é preciso morrer, para se encontrar é preciso se perder. E o pouso de Ryan é memorável, um mergulho em águas desconhecidas, um verdadeiro batismo. As condições deste nascimento são aparentemente iguais aos da cena anterior: a falta de ar, a necessidade de se despir, o flutuar. Mas logo nos damos conta de que as mudanças são mais profundas e transformação ainda mais primitiva.
Se na primeira cena vimos um adulto no ventre materno, as imagens finais voltam ao gêneses, nos levam ao período em que os animais saíram da água para ocupar a terra. Com isso, vemos que a regeneração, o nascer da água, não é necessidade de um indivíduo, mas de todos os seres humanos. Ryan representa a humanidade, aflita, distante, perdida, sem esperança. Matt, representa Cristo, aquele que vai buscar o perdido, aquele que mostra o caminho, que se sacrifica para dar vida, que está presente quando pensamos em desistir. Contrariando a teoria da evolução, o filme revela que o mais forte não sobrevive. A seleção não é natural, mas voluntária. O mais forte dá a vida pelo mais fraco, subvertendo a lógica da morte pela ressurreição.
Ryan volta a Terra, como voltaremos a ser pó da terra um dia, com a certeza de que não é o fim. A força que a trouxe de volta e que permite a ela colocar-se de pé, esta força que atrai, aproxima e chama para perto, esta força invisível e inquestionável, que ninguém inventou, mas muitos descobriram, é Deus. E confiante de que a gravidade vai firmar seus passos, Ryan caminha rumo ao desconhecido - não sabe de onde vem, nem para onde vai - numa cena que revela a última e mais bela contradição: filme acaba, mas a história não termina.
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