Quando estava saindo do Caffe Boulevart notou que um velho amigo da escola estava do outro lado da rua, parado no ponto de ônibus. Carlos, chamou para ver se ele correspondia. Como levantou e acenou a mão, lhe ofereceu uma carona.
Há muito não se viam e o papo foi correndo solto:
- E aí, Carlão? Como anda a vida?
- Tô bem, graças a Deus, e você?! Tomou juízo ou continua levando advertência pra casa?
- Nem brinca! O que eu levei de bronca já foi o suficiente! Tá de aliança, é?
- Casei faz dois anos! Uma menina super legal que conheci lá no trabalho.
- O que você tá fazendo da vida?
- Trabalho em uma ONG que constroi cisternas no nordeste.
- Poxa vida! E você é voluntário, lá?
- Não, sou funcionário mesmo! Essa é a melhor parte, sou pago para fazer algo que gosto e acredito. E você, tá trabalhando com que?
- Sou analista financeiro...
- Tá ganhando bem, em? Carrão, pááá..
- Magina, a bolsa de valores não é tudo isso que falam...
- A crise pegou todo mundo, né?!
- Pois é...
O farol fecha e um mendigo chega no vidro para pedir um trocado: "Dez centavos, tio...". Normalmente ele não enxerga esse tipo de gente, mas naquele dia, inesperadamente abre o vidro e a carteira, puxa uma nota graúda e oferece ao pedinte: "Tem troco pra cinquenta?"
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