10 janeiro 2011

MEDOS PÚBLICOS EM LUGARES PRIVADOS

     Há anos estou ensaiando uma ida ao cinema para assistir “Medos Privados em Lugares Públicos". Lembro-me que a primeira vez que ouvi esse título estava no terceiro ano de faculdade, combinei de ir com os amigos, mas acabamos no Shopping.

Com o tempo fui me apaixonando pelo cinema, tanto que neste último semestre fiz matrícula numa disciplina da ECA, que viria a ser a última nota lançada no meu histórico antes do diploma. Numa das aulas, o diretor da Pandora Filmes, que tambem é um dos sócios do Belas Artes, fez uma brincadeira dizendo que no futuro haveria uma tese de doutorado na Sorbonne tentando explicar porque um filme ficou três anos em cartaz. Não por acaso o filme era o mesmo que eu havia deixado de assistir três anos antes.

"Medos Privados em Lugares Públicos" era mais que um bom título de filme francês, havia se tornado algo histórico e qualquer cinéfilo que se preze não podia deixar de vê-lo. Negociei com minha namorada uma ida a um cinema de arte e para minha surpresa ela escolheu o dito cujo, por livre e espontânea vontade! Ainda sim eu estava procurando uma outra opção, caso ela mudasse de idéia.

     Mas não teve jeito! Na quinta-feira veio a notícia de que o Belas Artes seria fechado depois de 68 anos de serviços prestados a cultura paulistana de classe média alta. Se já era um fato histórico assistir o filme, vê-lo naquele cinema havia se tornado algo mítico. Com uma única seção por dia, o filme seria projetado até fecharem as portas do cinema. No sábado não deu, fomos no domingo!

     Fiquei muito emocionado quando vi a pequena sala Carmem Miranda com seus 98 lugares ocupados. E todos pareciam expressar o mesmo sentimento de admiração, tristeza e empolgação por fazerem parte deste momento. Havia a sensação de que nossos ingressos salvariam o cinema, e se os R$ 9,00 da meia não fossem suficientes para mantê-lo, ao menos poderíamos contar que estivemos lá pouco antes de seu fim.

     Enquanto não começavam os trailers fiz aquele velho processo de reflexão que interessa a alguns e desinteressa a muitos. Como você parece ser um dos interessados, vou contar o que pensei. O público estava com medo de perder a chance de assistir o filme que ficou mais tempo em cartaz na história de um cinema brasileiro. Isso porque o dono do terreno quer alugar o espaço onde o Belas Artes esta localizado desde 1943 e tem os direitos sobre esta propriedade. Enfim, mais um caso típico de medo público em lugar privado! Eu sei que é um trocadilho tosco, mas faz sentido, não faz?!

4 comentários:

  1. faz sentido...

    apesar da expectativa não ter sido superada... hehehe o nome é bom, para um filme mais ou menos!

    bjs Ana

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  2. Eu gostei do filme, mas gosto não se discute, né?! Quem quiser saber mais sobre ele, tem duas opções: ir ao Belas Artes até dia 27/01 ou pesquisar na internet!
    Bjos a todos e obrigado pelos comentários!

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