23 novembro 2010

CARRO, FARDA E ALCOOL

     Quando fui na auto escola, uma semana antes de completar 18 anos, a mulher me perguntou: "Vai fechar o pacote?" Eu estranhei o jeito meio disfarçado e sorridente que ela usou - não parecia propaganda e nem parecia enganação. "Qual pacote?" Essa seria uma pergunta natural naquele momento, mas não pra ela. Sua cara de espanto me deixou surpreso e o pior ainda estava por vir.

     Caminhou até a fachada da loja, olhou demoradamente para a rua e puxou o portão de ferro. A pequena salinha de recepção ficou escura por quase um minuto. Ouvia-se o barulho de gavetas abrindo e fechando, papeis batidos na mesa e grampeadores trabalhando. Antes da luz acender um flash me ofuscou as vistas. "Pronto! Vai ficar assim, oh...  Quatro parcelinhas de setecentos e trinta e oitenta. É só assinar aqui, aqui... aqui.. e.. aqui!"

    Quando recobrei a visão percebi que a mulher tinha se trocado e estava usando farda! "Meu Deus, o que é que esta acontecendo aqui?" Na mesa havia um calhamaço de papeis para assinar, uma bandeira do Brasil feita de pano e uma garrafa de vodka. A mulher passava cola em minha mais recente foto 3x4, dizendo "Esta tudo incluso, carteira de habilitação, dispensa militar e o primeiro porre!" Fiquei realmente tentado, mas o valor era quatro vezes mais do que eu esperava pagar.

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