19 agosto 2016

T.I.

Os dois pilares do empreendedorismo moderno, Tecnologia e Inovação, são a principal causa de morte sem prévio conhecimento. Senão, vejamos a história de Carlos Pereira, 27 anos, funcionário público.
            Numa manhã de terça-feira, acordou 10 minutos mais cedo que o costume, pois em sua repartição estava sendo implantado o sistema de ponto eletrônico com scanner de digital. O novo sistema causou alvoroço entre os funcionários, acostumados a registrar a hora de entrada com caneta, em folhas que nunca eram checadas. Com Carlos não foi diferente, por isso resolveu evitar cortes de salário chegando um pouco mais cedo no trabalho.
            No entanto, toda essa precaução não foi o suficiente para que o jovem lembrasse de reprogramar o horário da cafeteira fazer seu cafezinho. Quando entrou na cozinha, a máquina estava iniciando o processo de coagem, com dez minutos de atraso!
            Carlos saiu sem tomar café, mal humorado de ter que acordar mais cedo e não ter o que comer. Subiu em seu carro e seguiu em direção ao trabalho, 32 km de sua casa. Na rodovia, uma placa eletrônica sinalizou que havia 5 km de congestionamento na entrada da Marginal Tietê. Carlos ligou o seu GPS e cortou por dentro do bairro. O aparelho entrou em ruas cheias de semáforos e lombadas, pegando a mesma rota de fuga que todos os outros condutores que tinham GSP, resultado num novo transito.
            Quando, finalmente, chegou a Marginal, estava 20 minutos atrasado. Aproveitou que o fluxo estava melhor, ligou o mp3 no último volume e acelerou seu carro Flex. Nisso tocou seu celular: mute no som, Alô? Era Roberto, colega de trabalho, perguntado se Carlos havia se esquecido do ponto eletrônico. Ele respondeu que já estava chegando, desligou o celular e pegou o mp3 para aumentar o volume.
            Nesse mesmo instante, um caminhão reduziu bruscamente a velocidade por conta de um radar recentemente instalado na Marginal. Carlos que estava atrás, se enfiou na carreta a 112 km/h, conforme foi registrado pela fiscalização eletrônica. O corpo foi identificado pela polícia científica, que fez um exame de DNA diretamente no local do acidente.
            Essa história aconteceu semana passada e nos faz lembrar o caso que chocou a sociedade no ano de 2009. Sem usar de recursos sensacionalistas, precisamos voltar a tragédia que aconteceu com Tais de Carvalho. A jovem senhora comprou sua TV de plasma HD, de 61 polegadas e ligou na tomada 220V. Ela, o marido e o filho único de três anos, explodiram na pequena sala de estar, num clarão verde e sem ruído algum. Os corpos foram reduzidos a poeira radioativa, contaminando a faxineira que vinha duas vezes por semana. A área está interditada a mais de seis meses e a CETESB não sabe como solucionar o caso.  

            Não é por menos, que o uso de novas tecnologias e seus avanços inovadores – pré-programados, minúsculos e quase inteligentes – têm preocupado pesquisadores e cientistas. Segundo o Dr. Rodolfo de Alencar, diretor do IML de São Paulo, não são raros os casos de óbito por ingestão de pendrives ou morte por hipotermia decorrente de falhas no ar condicionado. O médico sugere que a população consulte a internet antes de fazer suas compras e principalmente, tome cuidado com o uso do cartão de crédito, pois há indícios de que os novos chips provocam câncer.

***

Crônica encontrada num e-mail cheio de anexos que enviei para mim mesmo em 20-mai-11, antes de me desligar da Coordenadoria de Educação Ambiental.


foto de 27-mar-2014



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